Veterinários e pet shop’s “Uni-vos”

È alentador e porque não dizer prazeroso para nós médicos veterinários, donos de clínicas bem como de pet shop, podermos colocar a serviço de nossos clientes o que há de mais moderno na medicina e na estética animal. O avanço nas tecnologias, a compreensão mais nítida do conceito de bem estar animal cada dia se dissemina no nosso segmento.  Muito tem sido feito pela classe médica veterinária na busca incessante por novos conhecimentos, atualizações e investimentos em novos e modernos equipamentos. O segmento de estética não fica atrás, cursos e mais cursos, feiras e encontros, assim como desenvolvimento de novos métodos de manejo com os animais de estimação têm sido uma constante, consorciado com investimentos em modernos e variados equipamentos que este imenso mercado demanda.

       Para que essas duas atividades de cunho multifacetado possam ser bem executadas,  os conhecimentos precisam ser amplos, pois lidar com animais e seus donos não é uma tarefa fácil. Há que se possuir não de maneira empírica, conhecimentos de relações humanas, psicologia, bem estar e psicologia animal, além dos conhecimentos específicos da medicina veterinária.

      Muitos profissionais se formam e sonham em abrir seus consultórios. Os profissionais de banho e tosa perseguem os mesmos caminhos e ideais, mas entre o sonho e a realidade há muitas pedras no caminho. É preciso que todos aqueles que pretendam se estabelecer neste segmento faça uma boa jornada de estágios, procure se inteirar dos vários aspectos que cercam essas profissões, principalmente os éticos.

      Como toda prestação de serviço, há sempre pontos de discordância entre clientes e prestadores. Por mais que as relações sejam transparentes, alguns clientes não se sentirão satisfeitos, pois agradar a todos é impossível, sem contar os mal intencionados, que deliberadamente utilizam nossos serviços, mas que por ignorância ou má fé tentam tirar proveito de certas situações, a ponto de utilizar a justiça como caminho muitas vezes injustificável.

      A medicina veterinária é atividade meio ou fim? O tratamento de acordo com o diagnóstico é no sentido de buscar a cura do paciente, mas e se essa cura não ocorrer em virtude de outros fatores que muita vezes escapa à capacidade de intervir ou mesmo compreender? O que será imputado ao profissional? Hoje muitas ações judiciais, são julgadas improcedentes, logo em primeiras audiências por um entendimento jurídico em que o profissional é visto como o culpado pela perda de um animal, por ele ter vindo a falecer. Ora, se sua ação médica foi no sentido de lhe dar a vida, ele não pode ter concorrido para essa perda. 

   Quando o cliente não dispõe dos recursos necessários à busca do diagnóstico ou mesmo de uma intervenção, de quem será a responsabilidade? Esses episódios ocorrem constantemente em clínicas e consultórios. É necessário estar muito bem preparado para essas questões. Nos pet shop, há inúmeras situações de risco, desde o biscoitinho ou xampu que causou alergia em um animal a um pequeno corte causado por uma lâmina, ou mesmo uma pata quebrada de um animal imprevisível e peralta.

    O que fazer em situações de abandono de animais em clínicas e pet shop, que, aliás, está virando moda nos últimos tempos? Com o argumento de deixar o animal para um banho ou mesmo uma tosa, muitos proprietários quando querem livrar-se do seu cão ou gato, se utilizam deste artifício perverso. Temos que estar preparados para esses e muitos outros acontecimentos. Advogo o princípio da transparência e muita precaução, linguagem clara, precisa. Hoje até as tecnologias da informação estão ao nosso alcance, bem como princípios jurídicos.   

    Monitorização por câmeras na hora de recepcionar o cliente é de fundamental importância, assim como contrato de prestação de serviços resguardando direitos de ambas as partes com fundamentos nos códigos de defesa do consumidor, e de proteção e defesa dos animais Lei 9605 de 1998 artigos 32. Com base nesta lei podemos registrar um boletim de ocorrência em qualquer delegacia. Nos casos de abandono, que em seu sentido mais amplo são considerados maus tratos e passíveis de punição quem perpetrar atos desta natureza. 

     Em se tratando de cliente desconhecido, outras formas de evitar ocorrências dessa natureza são verificar o endereço do mesmo, até mesmo ligar para sua residência no sentido de confirmar a veracidade do telefone fornecido, e em casos excepcionais em que não se confia nos dados informados deve-se preencher uma ficha onde seja exigida a apresentação de identidade, cpf e comprovação de residência de quem está conduzindo o animal.     Todo esse aparato burocrático seria desnecessário se em nossa sociedade não imperasse a lei do mais esperto. Infelizmente temos de deixar de lado o improviso e sermos extremamente profissionais. Só assim sentiremos cada vez mais prazer em exercer nossas amadas profissões e cuidar dos nossos melhores amigos sem conquistar potenciais inimigos. 

Dr.Pedro Caldas
Médico Veterinário Cirurgião Geral e Ortopedista
Diretor do HVN Nitéroi
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